Tal como aconteceu com “House Of The Dragon”, os fãs de The Last of Us, uma das séries mais aguardadas do ano, não terão de fazer esta jornada sozinhos.

João Dinis, Miguel Magalhães e Mariana Falcão juntam-se para um especial Acho Que Vais Gostar Disto (AQVGD) de recap dos novos capítulos de “The Last of Us”, numa série especial apoiada pela HBO Max, com novos episódios todas as terças-feiras.

Enquanto isso, algumas curiosidades e um Q&A, preparado pela nossa equipa do AQVGD, para quem quer acompanhar aquela que, para muitos, já é uma das melhores séries do ano (e ainda só vamos em janeiro!).

  • Curiosidade: a série obteve 99% de aprovação na tomatada dos filmes e bateu o recorde do Rotten Tomatoes. E se és dos que desconfiam da agenda dos escribas profissionais, a pontuação dos utilizadores não difere muito: em mais de 3.000 reviews, é de 96%. No IMDbestá com 9.5 em 10. No Metacritic, 84 em 100, com o selo “Must-Watch”. (Nota: estes dados constavam à hora de escrita deste artigo, podem sofrer alterações com o tempo.)

 

  • Curiosidade 2: A estreia só ficou atrás de “House of the Dragon”. Com base nos dados revelados pela Nielsen, o primeiro episódio foi visto por 4,7 milhões de espetadores em todas as plataformas da HBO Max. Em termos de comparação, diga-se que duplicou os números da estreia da 2.ª temporada de “Euphoria”, atualmente uma das séries mais populares da HBO.

Agora, espaço para uma espécie de mini Q&A que achamos que te pode ajudar a perceber não só o mundo de “The Last of Us” como todo o alarido em seu redor. As linhas que se seguem, ao contrário do episódio do nosso podcast, são spoilers free.

  • Preciso de jogar para perceber e desfrutar a história da série da HBO MaxNão, a série vive por ela própria e está construída de modo a que todos, gamers e não-gamers, percebam e vivam esta jornada por igual (e ainda que não tenhas a experiência imersiva e emocional de quem jogou podes sempre ver este vídeo em 4K no YouTube com todas as cenas cinemáticas que transformam a coisa num filme).

 

  • Não sei nada de nada sobre a série e porque aqui estamos. Do que se trata? Todo este frenesim tem por base dois videojogos e uma coisa que no gaming se chama DLC (pensem numa missão/episódio extra, uma expansão, que completa a história de um jogo) feitos por uma empresa chamada Naughty Dog. A unir todos estes elementos, está a pessoa-chave em todo o processo: o diretor criativo e argumentista Neil Druckmann, o mastermind e criador de “The Last of Us” (2013), do seu DLC “Left Behind” (2014) e da sequela “The Last of Us: Part II” (2020). O primeiro jogo e original é tido como um dos melhores de sempre, ganhou inúmeros prémios e foi aquele que deu início a toda uma loucura pela franquia — que vendeu quase 50 milhões de cópias em todo o mundo. A série da HBO vai buscar elementos de “The Last of Us” e de “Left Behind”. A “Parte II”, a mais recente, ficará para outras núpcias.

 

  • E do que reza a história? Esta gira em torno de duas personagens principais, Joel e Ellie, que tentam sobreviver num planeta onde cerca de 60% da população mundial está infetada por um fungo chamado Cordyceps (que transforma os humanos em “zombies”, mas aqui não se aplica esse termo). De forma simplista, “The Last of Us” apresenta-nos um mundo clássico pós-apocalíptico em que a estrutura política, moral e económica da sociedade entrou em colapso. A comparação óbvia em tudo o que mexa com zombies (voltamos a frisar que é um termo que aqui não se utiliza) parte com “The Walking Dead”, mas na realidade o que temos é muito mais parecido “A Estrada”, livro de Cormac McCarthy.

 

  • Mas porque é que o jogo é tão falado e adorado? Primeiro, importa esclarecer que os videojogos são um meio de contar uma história novo, mas único e singular. Ao permitir uma interação e imersão com gráficos muito realistas, especialmente com a nova geração de consolas, é capaz de proporcionar experiências impossíveis de replicar por outros meios (livros, cinema, etc). E no caso particular de “The Last of Us”, não estamos passivamente a lidar com algo criado na nossa imaginação através de palavras ou de imagens, mas antes a viver as experiências e emoções que vão acossando as personagens ao longo do seu percurso. Está tudo tão bem desenhado que acabamos por sofrer e sentir o mesmo do que elas: dor, medo, perda, esperança, inocência ou amor. No fundo, jogamos um bom filme. E este “filme” influenciou muito do que foi feito a seguir.

 

  • Só isso? Não, é a maneira como narrativa é construída em torno de Joel e Ellie sem se subverter aos clichés e ao óbvio. A sua relação, bastante complexa, cresce e evolui ao longo do tempo — e enquanto jogadores somos testemunhas disso. O jogo em si é muito linear, mas a sua história difere de tudo o que era explorado na concorrência. Não é a ação, o mundo distópico, as armas, os zombies, que apela à maioria das pessoas. É a relação entre as personagens, é maneira como é atencioso e emotivo para com elas. No entanto, tem a mestria para o fazer sem esquecer que estamos numa jornada de sobrevivência dramática — e, claro, fá-lo enquanto concede uma jogabilidade viciante e realista, igualmente importante. Para apimentar, acresce uma banda sonora minimalista de Gustavo Santaolalla que encaixa na perfeição e um final que, embora seja controverso, é do melhor storytelling que há no mundo dos videojogos e a razão pela qual 10 anos depois a história continua a soar plausível e fresca como no primeiro dia.

 

  • OK. E a série? A adaptação era mais do que esperada — afinal de contas é um jogo muito popular cujo guião e direção artística se confundem com algo feito em Hollywood. Nasce pela mão de Craig Mazin, que depois do sucesso de “Chernobyl” (venceu 10 Emmys e foi considerada a melhor minissérie de 2019), encontrou no jogo de Neil Druckmann o seu novo projeto. Entre si dividem as tarefas de realização, escrita e produção-executiva. Uma combinação, pelo andar da carruagem, que se revelou certeira.

 

  • E quem é que são os atores? Joel e Ellie são dois dos nomes mais reconhecidos no cânone dos videojogos — pelo que haverá sempre opinião, positiva ou negativa, sobre a matéria. Pondo isto, diga-se que os atores Pedro Pascal e Bella Ramsey, dois adorados alumni de “A Guerra dos Tronos” que viveram pouco e deixaram desejo por mais, assumem as posições de carne e osso dos atores originais Troy Baker e Ashley Johnson (que continuará a ser para todo o sempre a Ellie, mas compreendemos que aos 39 anos fica complicado fazer de adolescente). “O quem é quem” completo neste link.